4.6 Que Historiador?
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Heródoto (484 AC - 425/413 AC), pensador grego, por muitos considerado "o Pai da História" |
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Reconheço como historiador aquele que estuda a história de um mais grupos humanos de maneira científica, e que a comunica de uma forma objectiva a uma audiência interessada. Porém, ao estudar e comunicar história, o historiador corre sempre o risco inerente de a comprometer ou distorcer, porque o historiador ao analizar uma realidade objectiva (o facto histórico, por exemplo), vê-a sempre numa perspectiva subjectiva; a sua perspectiva pessoal, ou da classe social ou política a que pertence ao tempo que a escreve.
A subjectividade do historiador não só resulta numa interpretação e narração diferentes do mesmo facto histórico, como também condiciona o processo de pesquisa histórica usado no estudo do mesmo facto. Assim, a aplicação de diferente teorias da história requer métodos de estudo e pesquisa diferentes. Deste modo, a História de Angola estudada por historiadores angolanos de orientação marxista, da Escola dos Annales Anais Económicos e Sociais, ou da escola cíclica de Arnold Toynbee, vai necessariamente resultar em produtos claramente diferentes, todos eles estudando o mesmo objecto, mas estudando-o e relatando-o em perspectivas claramente diferentes.
Assim, quando ainda aluno jovem dos liceus Paulo Dias de Novais e Salvador Correia em Luanda ainda no período colonial, lembro-me bem que o pouco de história de Angola que nos era ensinado, era somente a história dos feitos ilustres dos heróis portugueses em Angola. Nada nos era ensinado, por exemplo, acerca da escravatura ou do tráfico de escravos (o único escravo que ouvi falar foi o escravo Jau citado nos "Lusíadas" de Luis de Camões, ou do escravo Henrique de Fernão de Magalhães...), ou da resistência africana às campanhas militares de ocupação.
A história que aprendíamos era a história escrita e narrada pelo vencedor (que mais tarde viria pessoalmente a testemunhar a sua derrocada), e não a história dos vencidos ou dos alienados, nem mesmo sequer a história das relações entre vencedores e vencidos.
Do mesmo modo, estudando a literatura da História de Angola do período pós-Independência, deparamos um pouco com a mesma questão, sómente invertida desta vez, em que a objectividade do investigador da História de Angola volta outra vez a sacrificar a sua objectividade à glória breve da popularidade imediata.
Trago isto apenas a discussão aqui, pois quero apenas dizer que a História de Angola que vai ler é necessariamente subjectiva, apesar de eu tentar o meu melhor em a expôr numa forma neutral e objectiva. Evitei juízos de valor, enalteci certos factos, relações e figuras, e ocultei outros, ou mostrei-os numa forma mais opaca, de acordo com a minha interpretação pessoal e portanto subjectiva da sua importância.
Enfim, apesar de não me considerar colono ou crioulo, sou o produto de uma sociedade compósita, de uma escola dualista, e de uma vivência colonial e crioula; sou apenas o que sou, mas também vou sendo o que quero ser. E, por essa mesma razão, como leitor, talvez não concordes comigo sempre... Mas a História é assim.
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